segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Cheiro de vida

Cheiro o meu cheiro neste teu corpo triste e cansado de vida, aqui, para mim sempre corpo, existência, e percebo-o agora a embarcar nesse abismo escuro e ausente

Cheiro o meu cheiro neste corpo apesar de tudo ainda belo, elegante e sereno, derrotado mas com o orgulho de quem nunca aceitou vergar-se, e atinjo mais do que nunca a evidência de que não sou acaso, eu isolado, eco sem passado

Cheiro o meu cheiro, sinto que a minha pele vem da tua, que o meu gesto é cópia do teu; vejo em ti o meu olhar, decifro finalmente todos os traços da tua face e, neste triste fim, uma tímida brisa me refresca

4 comentários:

Anónimo disse...

Arrepiante. Profundo. Belo. Genial. Parabéns!

Ladystarbright disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

estas letras
só um grande amar...sentido perdido...alimenta...

padre Alexandre disse...

colossal! A geração mais nova a ... dar corpo à essencia da mais velha. Ficas com cotação máxima.